Antes de contar a nossa linda saga, queria contar um pouco do que é o Caminho da Fé. Esse caminho foi inaugurado em 11/02/2003 e é o que mais se assemelha ao Caminho de Santiago no Brasil: Ele não tem “dono”, no entanto, em fevereiro de 2003, uma associação sem fins lucrativos passou a cuidar dela carinhosamente. Aliás, todos ao longo deste caminho nutrem um cuidado especial pelo peregrino que ali passa em direção a Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Se quiser conhecer um pouco mais da história da “aparição” da imagem, fiz um vídeo que você pode acessar aqui e entender como tudo começou.
O Caminho da Fé hoje conta com vários ramais, sendo o tronco principal caindo de Águas da Prata, de onde se pode percorrer 318 km até a Basílica de Aparecida. Nossa empresa sempre percorreu o trecho desde Paraisópolis até a Basílica de Aparecida (cerca de 130 km) pelo ramal que passa próximo de Pindamonhangaba. Ele tem trechos extensos em asfalto sem acostamento e sombra, além de termos que andar cerca de 7 km por trilhos de trem. Há pouco tempo foi oficializado se percorrer o trecho conhecido como “Pedrinhas” como parte do Caminho da Fé, passando próximo a cidade de Guaratinguetá, fugindo do asfalto. Com essa escolha, modificamos as quilometragens caminhadas, tornando nosso caminho mais prazeroso e seguro.
Saímos de Curitiba dia 15 de agosto e já que não iríamos fazer o ramal que passava pela Estação Engenheiro Lefèvre, fizemos aquela paradinha estratégica ali para comer o famoso e premiado bolinho de bacalhau. Nossa parada final deste dia foi Paraisópolis, Minas Gerais. Eita trem bom uai: Fomos recebidos na Pousada da Praça pela Jandira com um abraço de boas-vindas. Como é bom chegar depois de tantas horas de viagem e ser recebido com um sorriso no rosto, uma cama macia e um chuveiro gostoso! Fomos dormir cedo porque o dia seguinte começava nossa caminhada.
Foram 25 km entre Paraisópolis e Luminosa, na Pousada da D.Ditinha, com uma parada muito especial no meio do caminho, no Jucemar, que nos deu uma aula do significado da expressão “UAI”, tanto usada pelos mineiros. Foram momentos muito emocionantes passados ali, pois ele possuía uma réplica da imagem e Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Tudo bem que o galo desafinado deu um toque de humor e nos arrancou muitas gargalhadas.
O dia estava especialmente quente, então nesse ponto já foram necessários alguns ajustes de bota, troca por papete, curativos… O calor causa muita umidade nos pés, que facilita o aparecimento de bolhas, por isso que sempre indicamos o uso de botas e meias com tecnologia. O uso de cangas para proteger do sol nesse dia foi bem utilizado pelas mulheres da turma. As cangas(e as mulheres) são bonitas e criativas, ao ponto que tivemos duas que se auto intitularam a Santa das Cangas e a Mulher Bomba. Acho que a foto diz tudo (risos!!).
Chegando a Luminosa, ainda na estrada rural, um pobre bezerro conseguiu fugir do cercado. Nem a Santa das Cangas fez milagre, nem a Mulher Bomba se explodiu. Não sei quem tinha mais medo que quem, mas enfim o bezerro achou o seu rumo e as meninas conseguiram seguir caminho. Mais tarde, contando a história para a turma, é claro que o pobre bezerro passou a ser um bravo touro. Como dizia Einstein: Tudo é relativo. Fico imaginando o que passou pela cabeça do pobre e desesperado bezerro.
Enfim chegamos a D.Ditinha já inebriados pelo cheirinho delicioso de comida. Alojamo-nos em quartos coletivos deixando as botas para fora. Tudo estava muito bem limpo e havia muitos banheiros para todos. Aliás, o Albergue era só nosso! Precisa dizer que o jantar foi delicioso? Aí chega o ponto que me questiono se caminhar emagrece!! Comida caseira e deliciosa, terminando com um doce de leite feito em casa!
No dia seguinte, tivemos que acordar a D.Ditinha que perdeu a hora. Estávamos todos prontos e nada dela acordar… Bom, depois que conseguimos acordá-la, o café saiu rapidinho. Estavam todos ansiosos, pois seria o dia da “Subida da Luminosa”. Seriam apenas 18 km, mas 9km deles em subida forte onde a van não poderia dar apoio.
Parte seguiu todo o caminho que para surpresa de todos, depois de passar a pior parte depois da Pousada da D.Inês, encontraram um bar/restaurante novinho, que serviu pastel de truta com cerveja. Tudo isso em frente a uma capela secular. Pode-se dizer que este pecado foi de comer rezando! A parte da turma que não subiu a luminosa também passou caminhando pelo marco 100, muito importante para o peregrino. Afinal agora só faltavam 100 km para achegar ao nosso objetivo.
Nesse dia nosso pouso foi no Barão Montês, aonde todos chegaram a tempo de almoçar. Como chegamos cedo, deu tempo de passear até o Mirante da Pedra do Bauzinho. Foi um belo passeio, mesmo tendo como companhia um belo cachorro negro, meio doido, que quase derrubou algumas pessoas e deixou um “obstáculo” fresco na trilha. É claro que algumas de nós (me incluo) foram contempladas com um perfume extra em seu calçado.
Voltando para a Pousada o quarto masculino era separado do feminino. Mas o feminino tinha nome de filme: 13 mulheres e 1 banheiro! Imagina o alvoroço que foi. Demos muitas risadas! Foi a superação do dia!
Do Barão Montês, no terceiro dia de caminhada, seguimos para nosso hotel em Campos do Jordão, já na saída da cidade em direção à estrada de Pedrinhas. Foram 25 km, com uma baixa. Um de nossos colegas não passou bem durante a noite e nos acompanhou de van. Como saímos cedo, os primeiros que passaram por alguns lugares que forneciam carimbos os pegaram fechados.
Abrindo um parêntese, os peregrinos que percorrem o Caminho da Fé adquirem uma credencial que é carimbada ao logo do caminho para comprovar que o fez. E uma das partes divertidas do Caminho é ver quem pega mais carimbos. Não vou nem citar nomes, mas tem gente que pega até carimbo de CNPJ de restaurante…
Voltando à caminhada, no meio do caminho, antes de chegarmos a Campos do Jordão, nos deliciamos com uma torta tradicional na Familia Wanke: o Bolo das Visitas. Não sobrou nem o farelo para as formigas.
Foi só chegar ao hotel e saímos explorar o centro lindo da cidade em estilo germânico muito característico, com suas comidas típicas, suas cervejarias e suas cerejeiras todas em flor. A temperatura ali já era bem mais baixa, afinal, Campos do Jordão é conhecida como um refúgio de inverno e não é à toa.
No dia 18 de agosto, nosso quarto dia de caminhada, saímos do nosso hotel de van, pois há um trecho que se percorre oficialmente de carro por ser uma estrada de muito movimento e sem acostamento. Encontramos com uma turma de ciclistas no ponto onde começamos a caminhar. Andamos bons quilômetros em subida antes de começar a real descida da Estrada de Pedrinhas. Nesse trecho cruzamos com o Caminho do Frei Galvão e com o Caminho de Aparecida. Almoçamos numa trutaria de onde já pudemos avistar a Basílica. Foi uma grande emoção para todos. Mas o maior frisson do dia foi o café com Cardamomo no Tao do Gomeral, que deu uma energia extra pra galera e nossas peregrinas que já estavam entregando os pontos seguiram firme até o final dos 27 km que acabou literalmente em pizza!
Enfim o último dia! Saímos ainda no escuro. Era o dia em que se completava 40 anos do restauro da imagem de Nossa Senhora. Sabíamos que haveria uma missa especial às 14h00. Decidimos que mesmo sabendo do grande movimento de volta ficaríamos para essa missa.
O amanhecer no caminho foi mágico, traduzido por uma foto onde se pode ver o reflexo de um coração sobre a cabeça da Eliana. Chegando à Basílica todos ficaram a vontade para visitar a Santa, subir a Cúpula, andar de teleférico, ir à igreja antiga, entre outros atrativos ou não fazer nada.
Em comemoração aos 40 anos da sua restauração, a imagem da “Mãezinha” veio em carreata desde a Candelária em São Paulo, acompanhada pela sua restauradora e pelos bombeiros. Os sinos tocaram, a esquadrilha da Fumaça deu um show em sua entrada na Basílica emocionante! Pudemos durante a missa ouvir de testemunhas desde o acidente com a imagem até a sua restauração.
Você pode acompanhar um pouco do que foi o Caminho da Fé de 2018 com a Ana Wanke Turismo e Aventura, além deste relato, através de algumas fotos que disponibilizamos.
Ano que vem já temos data marcada para fazer esse mesmo caminho. Que tal fazer parte da turma do Caminho da Fé de 16 (sábado) a 21 (quarta-feira) de agosto de 2019? Deixe já sua pré-reserva, se tiver real interesse. Assim que tivermos os valores fechados encaminharemos em primeira mão aos pré-inscritos, as vagas que são limitadas.
Uau, Ana! Que texto incrível!! Seus relatos sempre nos deixam com um gostinho de ”quero mais” rsrs.
Que bom que gostou!!! Tem mais aventuras vindo, sempre divertidas! 🙂
Parabéns pelo blog e o belo texto. Estou viajando com vocês em pensamento!!!
Em fevereiro próximo vou a Curitiba e pretendo fazer algum passeio com vocês.
abraços
Obrigada, Cleuza! Estamos preparando belos roteiros para 2019 e vc será muito bem vinda!!
Se vier a Curitiba, além de fazer um de nossos roteiros, está convidada a tomar um cafezinho ou um delicioso chá da nossa horta! Abraços, Ana Wanke