El Bolsón é uma cidade incrustada num vale da Cordilheira dos Andes, por isso, o nome “Bolsão”. Ela fica bem pertinho de Barilhoche, lá no comecinho da Patagônia Argentina.
Mas essas duas cidades serviram apenas de apoio para um lindo roteiro que fui prospectar no inverno patagônico de 2018. Voltei apaixonada e vou compartilhar um pouco dessa experiência!
Foram 5 dias em meio a trilhas deslumbrantes, paisagens trazidas de contos de fadas e refúgios rústicos e aconchegantes… Bora lá viajar comigo!
Começamos a caminhada com a mochila completa e carregando junto as raquetes de neve – que mais parecem pés de pato, mas são súper fáceis de usar e úteis.
Iniciamos pela parte baixa e plana. Como estávamos no inverno, não cruzamos com ninguém pelo caminho. Após atravessarmos o rio Azul, muito popular no verão nessa região, começamos nossa subida ao refúgio Hielo Azul, onde passaríamos três noites.
Aos poucos a paisagem foi se transformando, pequenos amontoados de neve foram aparecendo até que não foi mais possível continuar apenas com as botas, pois afundávamos. Paramos e colocamos nossas raquetes. Que delícia andar novamente em meio à paisagem completamente nevada. O caminho era sinalizado com tampinhas de garrafa pintadas com corações, sorrisos, margaridas: anunciando os belos dias que teríamos ali.
Enfim avistamos nosso refúgio, uma bela casa de madeira de dois pavimentos no meio da paisagem nevada, com fumacinha saindo pela janela… como num conto de fadas! Não há outra forma a se chegar no refúgio a não ser caminhando. No verão costumam passar por ali mais de 200 pessoas por dia pois há rios e lagos para se divertirem, mas no inverno ele fecha.
Duas pessoas abriram o refúgio especialmente para nos atender. Tudo parecia mágico, inclusive a comida que era totalmente caseira! Imagine que o pão e as massas eram feitas ali, na hora – e a cerveja: artesanal da casa. Aliás El Bolsón produz algumas das melhores cervejas artesanais da Argentina. A região é a maior produtora de lúpulo, ingrediente que dá o sabor especial a cerveja artesanal. Interessou mais, né?
O ambiente era rústico, colchões no chão no segundo andar que era todo dormitório, o banheiro era uma latrina súper estilosa. Não tínhamos chuveiro pois a água no inverno congela na área destinada ao banho… mas é fácil sobreviver a 4 dias de lenços umedecidos.
Nada de sky, nada de snowbord – isso fica para o povo que quer o agito de Bariloche. Nós queríamos caminhar e ali havia muitas trilhas para percorrermos. Caminhamos entre bosques de coníferas e sobre lagos congelados. Brincamos de guerra de neve e riscamos anjos na neve com nossos próprios corpos… Pura diversão!
Como ficávamos sempre no mesmo refúgio, saíamos caminhar com a mochila leve. E diferente de quando estamos em altitudes elevadas, podíamos correr, brincar, saltar… deixar a criança que está dentro de nós ir na frente do adulto!
Nosso retorno foi por um caminho diferente da subida. Descemos a montanha e rapidamente não estávamos mais pisando na neve, mas à nossa frente descortinava um belo vale de origem glaciar onde localiza-se El Bolson, emoldurada pelo imponente Cerro Piltriquitrón e o rio Quemquemtreu.
Nossa última noite foi no Refúgio Cajón del Azul. Quase tão rústico quanto o primeiro, mas dessa vez tínhamos banho quentinho nos esperando.
O último dia de caminhada foi tranquilo, visitamos o famoso “Cajón del Azul”, ou seja, um belo cânion formado pelo Rio Azul, rodeado de bosque nativo. Uma paisagem de tirar foto de cartão postal!
Na volta à El Bolson não podíamos voltar sem experimentar o famoso sorvete artesanal, conhecido em toda Argentina.
Gostei tanto do que vi nessa prospecção que já montei um roteiro especial para fazermos este trekking de inverno juntos. Confere aqui no link e bora lá para ver isso tudo de pertinho?
PARABÉNS. Texto maravilhoso. Transmitiu emoções… Eu viajei rsrs E me vi aí nesse paraíso. Irei a Bariloche em agosto..apenas 5 dias.E será minha primeira vez na neve rsrs Nada de sky…eu quero diversão mas sossego também. Imagino a sensação de paz em meio a esse mar branco…silêncio..só ouvir o vento, um pássaro talvez….
Tá na lista aqui Bolson. Em 2024.