No meio da Costa da Morte encontra-se Muxia, uma aldeia pesqueira por excelência com uma infinidade de histórias por trás ligadas ao mar, aos celtas e também à Santiago. Esta parte da Espanha foi resistente à conversão ao cristianismo e só foi convertida no século XII.
A Lenda da Virgem da Barca
Diz a lenda que o apóstolo Tiago, cansado de pessoas que não estavam ouvindo suas pregações, foi para Muxia para implorar a Deus que seus sermões servissem a algo. Foi nesse momento que a Virgem, num barco de pedra puxado por anjos, apareceu ao apóstolo e disse: “Volte a Jerusalém, sua missão nesta terra acabou”. Dito isso, o barco e a Virgem se esfumaçaram no ar.
A partir deste momento outra lenda começou a se desenvolver em torno das pedras localizadas no rochedo de Muxia.
Atributos Mágicos das Pedras de Muxia
A história mais primitiva de Muxia está ligada à existência de um conjunto de pedras situadas na Ponta de Barca.
Segundo a lenda cristã, estas pedras fazem parte do barco de pedra em que a Virgem chegou: o próprio corpo do barco (Pedra de Abalar), a vela (Pedra dos Quadrís) e o leme (Pedra do Timón).
A mais famosa dessas pedras é a “Pedra dos Quadris” devido à sua forma de rins ou osso helíaco, são atribuídas propriedades curativas. Acredita-se que, se forem passados nove vezes abaixo, doenças renais, costas e cabeça são curadas.
A “Pedra de Abalar” tem esse nome do galego, pois abalar significa balançar. Existem muitas propriedades mágicas que são atribuídas à Pedra de Abalar de Muxia, desde um propósito adivinhatório até considerá-la como um instrumento para provar a culpa ou inocência das pessoas.
Esta pedra, que não parou de balançar por muitas centenas de anos, sofreu em dezembro de 1978, uma forte tempestade que afetou toda a costa da Galiza e a deslocou de seu lugar original, quebrando-a em parte, sendo reparada mais tarde em várias ocasiões. A última vez foi em 06 de janeiro de 2014, dias depois de um grande incêndio no próprio Santuário da Virgem da Barca.
A ‘Pedra dos Namorados’ também se encontra perto das anteriores. É um lugar reconhecido, sem conexão de tipo religioso, onde os namorados juram o amor eterno.
Santuário da Virgem da Barca
Onde hoje é o Santuário da Nossa Senhora da Virgem da Barca de Muxia, incrustada em um costão de pedras e que aparece no final do filme “The Way”, era originalmente um santuário celta pré-cristão.
Estima-se que a origem do santuário data dos séculos XI ou XII, mas foi reconstruída várias vezes até chegar ao templo atual, que data do início do século XVIII. As torres foram construídas em meados do século XX.
O Santuário foi restaurado em 2012, porém no dia 25 de dezembro de 2013 um raio atingiu a construção. Mesmo com todo esforço dos bombeiros, todo o seu interior foi queimado, inclusive o lindo retábulo barroco.
Hoje o Santuário da Virgem da Barca, novamente restaurado, não está mais sozinho: A escultura “A Ferida” recorda o trágico acidente com o petroleiro Prestige em 2002, que provocou o maior desastre ambiental da história de Espanha.
Voltando à História de Santiago
Depois da aparição da Virgem Maria, Santiago abandona a região norte na qual estava pregando e se desloca em direção às cidades Célticas do Centro e em seguida volta para Jerusalém acompanhado de seus dois discípulos mais próximos, Teodoro e Atanásio, dando por encerrada sua pregação na Espanha, deixando no entanto plantada nestas terras distantes, a primeira semente que viria a florescer pelos séculos futuros.
Nós visitaremos esse complexo (com as pedras mágicas de Muxia, o Santuário da Virgem da Barca e sítio celta) ao final do nosso roteiro para o Caminho de Santiago. Venha conosco e conheça esse lugar único na Costa da Morte.