O que conhecemos hoje como Trilha Inca é, na verdade, somente um pequeno trecho de uma rede mais de 30 mil quilômetros de estradas que interligavam o Império Inca ou Tahuantinsuyu, que em quéchua pode ser traduzido como “As Quatro Regiões Unidas”.
Império Inca
A rede de Trilha Inca era conhecida por Chapaq Ñan, ou “Caminho Real” em quéchua, e foi organizada para que o imperador pudesse administrar de maneira eficaz o império.
Não é por acaso que o marco inicial da rede da Trilha Inca era a Praça de Armas (Huacaypata) de Cusco, antiga capital do império inca, que por sua vez era dividido em 4 grandes regiões: o Chinchasuyu (Norte), o Antisuyu (Leste), o Contisuyu (Oeste) e Collasuyu (Sul).
Era uma civilização muito avançada, e além da organização geográfica, política e técnicas de comunicação (a rede de Trilha Inca fazia parte dela), tinha um código de conduta exemplar, tendo como lema “não mentir, não vagar, não roubar”: Ama llulla, ama quella, ama sua.
Também desenvolveram sistemas de engenharia hidráulica, agricultura, metalurgia e técnicas de construção fantásticas, inclusive anti-terremoto com deslocamento e cortes de pedras até hoje desconhecidos. Seus conhecimentos de astronomia eram avançados e foram amplamente utilizados em construções e agricultura.
O império inca se expandia por áreas hoje ocupadas por vários países latino-americanos como Bolívia, Argentina, Equador, Colômbia, Chile e atingiu seu ápice em 1438, quando era governado pelo imperador Viracocha Inca. Mas foi o Imperador Pachacuti quem organizou o reino de Cusco como um império Tahuantinsuyu, e a ele também é atribuída a construção de Machu Picchu, que teria sido feita para sua família como um retiro de verão.
O Império Inca se enfraqueceu com a Guerra da Sucessão Inca, que começou depois que o imperador Huayna Capac morreu por volta de 1528 e seus dois filhos queriam tomar o poder. Essa instabilidade interna permitiu que Francisco Pizarro e seus homens encontrassem aliados dentro do Império Inca, facilitando ainda mais a conquista espanhola.
Com o domínio espanhol, muito se perdeu da cultura, rede de Trilha Inca e vários monumentos arqueológicos. Mas Machu Picchu, diferentemente de outros sítios arqueológicos, foi abandonada sem ser depredada, caiu no esquecimento por séculos, foi tomada pela selva até 1911, quando foi oficialmente descoberta por um arqueólogo americano. Por esse motivo é conhecida e chamada de “A Cidade Perdida dos Incas”.
A trilha Inca
Hoje visitar hoje Machu Picchu é realmente uma experiência incrível, uma volta no tempo, mas chegar até ele por meio de uma Trilha Inca pode tornar essa experiência ainda mais especial e intensa.
A Trilha Inca foi revelada ao mundo em 1915, quando foi escavada na cidade inca de Machu Picchu. Somente três décadas depois sua rota foi traçada e hoje centenas de visitantes percorrem os 42 quilômetros até a “Porta do Sol” em Machu Picchu.
Durante o trajeto da Trilha Inca, com duração de 4 dias e 3 noites, além de passar por paisagens deslumbrantes de montanha e selva, pode-se visitar vários sítios arqueológicos e ruínas, como:
- Runkurakay, que significa “Casa abandonada ou em colapso”. A sua função na época era ter sido um lugar de alojamento ou de controle, devido à sua localização estratégica.
- Sayacmarca, que significa “Cidade inacessível”. Recebeu esse nome porque está situado a 3.600m acima do nível do mar e é adaptado para conectar-se com as encostas da montanha em que se insere.
- Phuyupatamarca, significa “Lugar das Nuvens” e recebeu esse nome porque na maior parte do ano está cercado de nuvens enormes.
- Wiñaywayna, significa “Eternamente jovem”, mas o porquê exato de ter sido batizado com esse nome é difícil de dizer. Pode ter tido influencia pelo fato de ter sido um destino espiritual ou um local para a realeza descansar para terminar sua jornada até Machu Picchu.
- Llactapata, significa “Lugar alto”, era onde os produtos do vale agrícola ficavam concentrados, já que possui construções que poderiam ser usadas como celeiros.
A Trilha Inca tradicional tem inicio no km 82 da ferrovia que leva a Machu Picchu e termina na Porta do Sol, em Machu Picchu, de onde se tem a primeira vista deste maravilho sítio arqueológico.
Só de imaginar fazer essa viagem já dá um friozinho na barriga, né?
Venha conosco
Com intuito de preservar a Trilha Inca, em 2004 o governo Peruano limitou o ingresso a um total de 500 pessoas por dia. Deles, apenas 200 são turistas e o restante é destinado ao pessoal de apoio, como cozinheiros, porteiros, guias, etc.
Iremos percorrê-la no final de julho de 2024, uma época ideal pois estaremos na estação seca. O melhor de tudo é que “esticaremos” um pouco a viagem para além da Trilha Inca e Machu Picchu, conhecendo Cusco, antiga capital do império inca, e o Vale Sagrado dos Incas.
Então temos pouco tempo para fechar a turma. Corra e garanta a sua vaga: Elas são limitadas e disputadíssimas. Junte-se a nós!
Maravilha, Ana. Parabéns por sua dedicação… V. vai longe (literalmente)
Obrigada!! Sabe que quando estávamos fazendo as pesquisas para esse artigo lembrei do seu livro “Brasil Chinês”!!!!